A DOR MAIOR.

A DOR MAIOR


Quando aconteceu a partida de meu FILHO como ouvi palavras de consolo... são milhares...como:

• Ele (a) cumpriu aqui sua missão;

• Foi melhor assim, o que será que teria que passar?

• Ele era um bom menino, bom moço pra ficar aqui neste mundo;

• Mãe, Você tem que ser forte, tem outras filhas que precisam de ti;

• Você tem seu esposo, Deus deixou seus netos (as) seu genro; sua nora, tantas pessoas pra te apoiar;

• Não esqueça mãezinha sua família precisa de Você!

Portanto amigas/Mães esqueceram-se de nos dizer muitas coisas, que nós sozinhas descobrimos, com a dor, a mais pura verdade. A cada dia uma nova descoberta. Onde estão os amigos que sofreram juntos naqueles dias? Foram seguir seu rumo, suas vidas. Pois ninguém sofre como nós. E, nem devemos ser tão egoístas de querer que eles sofram, pois a dor é nossa, o coração também é nosso, mas mesmo querendo esconder, quando a dor é imensa ela transborda pelos olhos.

E as lembranças? De que adianta as lembranças, mesmo sendo boas, se Ele não está mais aqui...nada supera esta saudade dolorosa, de não tê-lo mais, ao nosso lado, fisicamente. Nem sequer poder olhá-lo.

Aos poucos vamos tendo novas descobertas.

Os amigos não são suficientes.

Os perfumes em suas roupas vão se perdendo com o tempo.

E o seu cheiro, cadê seu cheiro...não o seu perfume, o seu cheiro... cheiro de filho que cada um tem...um cheiro especial de cada um .

E a sua voz...A chegada à tardinha, nas madrugadas...Os seus passos saindo pela manhã, chegando ao entardecer...cadê ?

O acordar no meio da madrugada em desespero por não lembrar mais, da bela, voz do nosso Menino/Anjo que partiu!

Perdemos de certa forma, o que de mais valioso tínhamos, e este mundo continua pequeno pra nós. Vou até a porta de seu quarto e choro de saudades, ele permanece vazio... mesmo que outro alguém o use...cadê Ele ?

E a vida nos ensinou que somente quem perdeu um filho(a) fala com naturalidade DELE (a) como se ainda estivesse aqui (..e ESTÁ...).

E o tempo nos mostrou que as mesmas lembranças que nos acalentam, são as mesmas que nos levam seguidamente ao desespero.

Esta SAUDADE que era uma dor psicológica passa a ser uma dor física. Esta SAUDADE não nos deixa mais ser feliz.

Chega à noite, chega à hora de dormir... é chegada à hora de ficarmos bem pertinho de quem partiu, pra não mais voltar. Aconchegamo-nos, nos abraçamos... Já perceberam? E, nada!

A cada dia novas descobertas que nos machucam nos corroem, mas é a realidade de quem perdeu um FILHO (a), pois esta dor não tem fim, nem transforma numa saudade que nos diziam, o tempo vai acalentar... inexistente esta saudade gostosa!

Por fim, uma descoberta, a vida continua, mas não a nossa. Pois ela modificou/parou no exato momento que o FILHO (a) partiu... Andamos, falamos, por vezes até sorrimos, choramos as escondidas, mas em nosso coração apenas os batimentos sufocantes de um sentimento de nada.

Não, o passado está sempre presente, e o futuro pouco nos interessa, os valores mudaram e permanecemos aqui entre o céu e a terra com esta imensurável saudade.

Ficou FILHO a vontade de beijá-lo mais e mais... mas permanecemos com esta enorme dor do tempo...Resta-nos um fio invisível entre meu FILHO e o pensamento...

Filho que vontade louca de adormecer-me entre teus braços e teus abraços.

Esta é a SAUDADE SEM LIMITES!

(Terezinha Borba Quadros)